Pesquisar este blog

domingo, 25 de julho de 2010

Você sabia?


Você sabia que O Roubo da Santa passa no momento por um processo de divulgação inovador?
O escritor Rodrigo Queiroz faz uma divulgação em massa na internet, usando os mais variados sites de relacionamento, entre eles estão o Twitter, Orkut, Facebook, Myspace, Sônico, Youtube, Wordpress e MSN. Em breve a divulgação do livro ganhará as ruas com cartazes, anúncios digitais em ônibus e chamadas em rádios.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Foi descoberta a nova espécie humana: O Homo-Fóbicus


Hoje eu vou fugir um pouco do tema do Roubo da Santa, e compartilhar com quem quiser um texto que chamou minha atenção. Vivemos num país que rejeita o diferente, que olha torto pro que não é convencional. Sou adepto ou que chamam de "Movimento Pró-Homossexuais", que ajuda na integração desses seres humanos na sociedade e na luta por direitos mais abrangentes.
Me incomoda ter que sair nas ruas ou ler nos jornais, e ver casos tao escabrosos sobre a violência em relação aos homossexuais. Desculpem o tom da palavra: quero mais é que religião, conservadores, skin red's, vão todos para a puta que os pariu. Somos todos seres humanos, em nossas veias corre o mesmo sangue, somos todos cidadãos (embora eu ache o homossexual um cidadão mais integro e de caráter do que qualquer outro heterossexual que eu conheço). Jesus disse:"Amai ao próximo com se fosse seu irmão". Se todos seguem tao a risca a Bíblia então onde está o respeito? Onde foi parar a obediência à Jesus e Deus? Deixaram guardada na gaveta?
O relato-desabafo que segue abaixo será uma forma de mostrar a sociedade homofóbica em que vivemos. Sinto muito vergonha nesse momento.

O Medo de Ser

Por Jefferson Lessa
Ilustração de Claudio Duarte

Na semana em que a Argentina aprova o casamento gay, peço licença para relatar uma historinha banal. Moro num bairro aprazível e “tranquilo”, sonho de consumo de dez entre dez cariocas. Dos que não vivem lá, obviamente. “A grama do vizinho...”. Pois é. De um tempo para cá, por motivos que me são alheios, alguns playboys deram de gritar “veaaaaaado!!!”
quando me veem na rua. Outro dia, derrubaram minha pasta no chão. Numa noite anterior, rolou um inesperado banho de uísque com Redbull no casaco novo... Depois disso, a calçada ficou mais longa que uma maratona. Chegar à varanda torna-se uma decisão pesada, difícil de tomar. A pasta, o cheiro do uísque com Redbull... Difícil. Como vocês podem ver, trata-se de uma história de bullying, a palavra do momento. Seria só mais uma, não fosse o caso de atingir um certo cara no auge da meia-idade. Eu.
Nunca havia passado por isso antes. E não pretendia experimentar agora. Mas aconteceu — fazer o quê? Penso em várias “soluções”. A mais radical é mudar de bairro. Deixar para trás uma casa que adoro e que montei aos poucos, no ritmo que o salário aguado permitiu. Deixar para trás, também, um prédio no qual fiz amigos. É uma “solução” penosa e triste, creio. Faz com que eu me sinta covarde, pequeno, sujo, miserável. Sem falar no trampo, né? Mudança, segundo pesquisas, é uma das situações que mais geram estresse na vida. As outras são separação, morte... Mudança é um pouco separação e morte.
A outra “solução” é sugerida por amigos, que perguntam: Por que você não denuncia? Por que não procura a polícia?” Simplesmente porque não vivo dentro de um episódio de “Law & order: Special Victims Unit”, a genial série americana que ficcionaliza o cotidiano da unidade de elite da polícia novaiorquina especializada na investigação de crimes de natureza sexual. Se eu tivesse a certeza de que meu “caso” seria tratado pelos detetives Stabler e Benson, correria para a delegacia mais próxima. Na maior confiança. Como todos sabemos, não é bem o caso por aqui.
E também posso fazer o que estou fazendo neste instante: expor meu pequeno drama (que, convenhamos, não interessa a quase ninguém) nas páginas de um grande jornal como este O GLOBO. Vai ter gente se identificando, é claro. Vai ter gente criticando a superficialidade do texto (provavelmente, com razão: sou meio raso mesmo). Vai haver quem elogie a coragem do repórter, bem como quem o ache um rematado covarde. Sinceramente, leitor, sua opinião me importa. Mas pouco muda. Desculpe qualquer coisa, tá? É que na hora de voltar para casa, não vai ter detetive Benson nem Stabler, amigos, leitores ou páginas para segurar a barra. A mim, restará torcer, solo, para não encontrar os pequenos e medíocres algozes do dia a dia. Em encontrando, restará torcer para que não estejam muito bêbados ou alterados, pois isso conta — e muito — nessas horas.
O cotidiano pode se dividir entre poder ou não ser você mesmo na rua, no ônibus, no boteco... Mas convenhamos: isso ainda não é tão possível no balneário de São Sebastião. Somos toscos, mal educados, infantis e preconceituosos. Friendly my ass, isso sim. Ih, falei.
Eis a história — até agora. As cenas dos próximos capítulos? Não sei o que esperar desta trama triste. Mas sei o que não esperar no curto prazo: civilidade. E aqui me permito repetir uma obviedade: civilidade não se compra no supermercado ou na quitanda. Se constrói. Ao longo de muito tempo. E é aqui que penso numa notícia da última semana: a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina.
Não sei se a notícia foi realmente bem-vinda ou se mereceu um tratamento tão retumbante por ser muito surpreendente. Mas o fato de a Argentina ter se tornado o primeiro país da América Latina e do Caribe a aceitar o chamado casamento gay mereceu amplíssima cobertura da imprensa brasuca. Nas páginas e nas telas, parece algo de muito bom, apesar dos protestos dos usual suspects (Igreja católica, círculos conservadores, arautos da família etc). Ouso pensar que se a notícia tivesse vindo de outro país que não nosso arquirrival, teria sido ainda mais celebrada. É de bom tom na imprensa alardear correção política, mesmo quando o coração se inclina na direção oposta.
Fiel à rivalidade, não consigo parar de comparar, mentalmente, Brasil e o país hermano (que as piadinhas já transformaram em hermana). Mas quando digo país, leia-se cidade. É isso: não consigo parar de comparar mentalmente o Rio, onde sempre vivi, e Buenos Aires, ciudad que conheci ainda criança e à qual já voltei várias vezes. E acho que, no quesito friendly, BsAs ganha de longe, muito longe, do Rio.
Aqui, cabe esclarecer. Grandes questões como direito a adoção de crianças e a herança do(a) companheiro(a) são fundamentais, é óbvio. Palmas para os países que já garantiram tudo isso a seus gays, lésbicas, transgêneros, simpatizantes e quem mais chegar. Mas, em minha humílima opinião, é o dia a dia que conta. É do cotidiano que a vida é feita. Do dia de sol ou chuva, do ônibus que chega na hora ou não, que para ou não no ponto... Do chefe que te saúda ou não no trabalho, do colega que te dá uma força ou puxa o teu tapete, do amigo que te liga no momento certo. Da flanada prazerosa pela tua cidade, sem medo de pitboys e pitbulls. Ou não.
Aqui, volto à Argentina. Foi corajosa a aprovação do chamado casamento gay naquele país. Cheio de inveja, deixo meus parabéns. Não sou idiota a ponto de acreditar que uma lei acabe, magicamente, com pré-conceitos acumulados ao longo de séculos e cevados à base de ódio à diferença. Mas é um primeiro passo para uma rotina mais amena no futuro.
Quando é que vamos dar este passo? Hein?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O próximo conquistador do Mundo.


Faltando apenas alguns meses para o lançamento do livro O Roubo da Santa, o escritor Rodrigo Queiroz amarga as notícias que recebeu de seu editor.
Na semana passada, terça-feira, o escritor recebeu um e-mail de seu editor Frodo Oliveira, em que dizia que devido a sobrecarga de produção para a Bienal deste ano, o lançamento de O Roubo da Santa teve que ser adiado.
-Ainda não sei quando o livro será lançado e isso acabou fazendo com que eu interrompesse o processo de divulgação - disse o escritor por e-mail ao Jornal Multifoco.
Porém, a notícia em nada afetou sua ansiedade. Aguardando pacientemente o lançamento do livro, o escritor se isola em sua casa na simpática cidade de Mesquita, aproveitando as férias e pronto para concluir um novo trabalho.
-Não posso revelar nada por enquanto, só que esse novo livro só chegará nas mãos dos leitores a partir do ano que vem - comentou.
Em seu escritório, que exala um cheiro de ervas queimadas (ele havia acabado de defumar a casa), dou inicio a entrevista.

Diogo: Quando começou a escrever o livro?

Rodrigo: Quando passei a amar quem eu era e como eu passei a ser. Escrever O Roubo da Santa me ajudou a ser uma pessoa diferente.

Diodo: Em como escrever o livro lhe ajudou?

Rodrigo:Simples. Quando estamos percorrendo o caminho para realizar nossos sonhos, nós precisamos aprender com o que encontramos na estrada. No meu caso, escrever sobre as histórias que ouvia, sobre as pessoas que via e o que sentia em relação ao lugar onde vivo, me ajudou a entender que não estamos sozinhos, que existem outras pessoas, que existe vida.

Diogo: Então, segundo você, as pessoas só mudam quando realizam seus sonhos?

Rodrigo: Não quando realizam seus sonhos, porque aí elas já entenderam. Mas enquanto elas percorrem o caminho que as conduzirá aos seus sonhos. No caminho encontramos as alegrias, as dores, mas no final sempre encontramos a mesma coisa: a sensação de que cumprimos o nosso objetivo.

Diogo: A forma como escreve é simples, até comum, alguns até consideram desleixada. Como reage a isso?

Rodrigo: Um escritor não precisa ser complicado para ser profundo. A linguagem complicada impede que os leitores entendam o que está escrito, e sempre quando acabam de ler saem com a sensação de que foram enganadas, que o livro era uma grande mentira. No meu caso, escrever de forma que as pessoas pudessem "me" entender era o essencial.

Diogo: Como você é no dia a dia?

Rodrigo: Faço coisas comuns para alguém da minha idade: vou ao colégio pela manha, à tarde faço curso de administração e à noite é o momento de ficar com a familia e descansar, para no dia seguinte fazer tudo de novo. Mas veja bem, não é uma rotina, graças a Deus todos os meus dias são diferentes.

Diogo: Tem namorada?

Rodrigo: Não o sei se morar junto com a pessoa que ama pode ser namorar. Acho que a resposta para sua pergunta seria que estou "casado".

Diogo: Não se sente preso, limitado a fazer apenas algumas coisas?

Rodrigo: Aprendi a dividir as experiências da minha vida. Tudo, ou quase tudo, o que passo é junto da Alessandra.

Diogo: Existe algum personagem do livro que tenha sido inspirado em sua "esposa"?

Rodrigo: Na verdade não. Na minha outra entrevista e em algum outro post do meu blog eu falei sobre os personagens do livro, e quais eram baseados em pessoas reais. Alessandra existe somente para a realidade, não para ficção.

Diogo: O que deseja para seu futuro como escritor?

Rodrigo: Aquilo que qualquer escritor deseja: ser reconhecido. Já é uma benção para mim ser entrevistado pela segunda vez, outros escritores que iniciaram sua carreira agora ainda não tiveram essa oportunidade que estou tendo. Sou grato ao que vem acontecendo comigo até agora. Mas é claro que quero ser traduzido para outras línguas e conquistar o mundo.

Diogo: Quanto tempo acha que isso vai demorar?

Rodrigo: Vai depender de como vou conduzir meus passos, pois não sou eu que anda o Caminho, é o Caminho que me anda. Pode demorar dois ou cinco anos, mas vai chegar o dia em que vou chegar lá.

Diogo: Gosta de viajar?

Rodrigo: Gosto, e muito.

Diogo: Quais são os lugares que gostaria de conhecer?

Rodrigo:No Brasil gostaria de conhecer Salvador, as Dunas do Maranhão, a Floresta Amazônica e a Chapada das Diamantinas, são lugares de uma beleza extraordinária. Agora, fora do Brasil eu gostaria de conhecer o mundo inteiro. E não é sonho de adolescente, não. Eu quero conhecer todos os lugares do mundo, levar meu trabalho para lá e fazer sucesso.

Diodo: Quando se realizará profissionalmente?

Rodrigo: Quando, em qualquer lugar do mundo, alguém disser para mim: "Seus livros mudaram minha vida". Quando isso acontecer terei certeza de que estou no caminho certo.

Nesse momento dou minha entrevista por encerrada. Ao olhar aquele jovem e entusiasmado escritor, eu quase que poderia fazer uma profecia: na minha frente estava alguém que um dia teria um reconhecimento tao grande quanto de Paulo Coelho, Jorge Amado ou José Saramago (que são seus escritores favoritos). Via na minha frente um jovem que, com a força do entusiasmo, conquistaria, verdadeiramente, o Mundo.

sábado, 3 de julho de 2010

O Roubo da Santa - capítulo um

Para deleite dos leitores estarei postando aqui o primeiro capítulo do romance O Roubo da Santa.Ao acabarem de ler peço que deixem seus comentários a respeito do que acharam.



Capitulo 1


Naquela noite, não se ouvia barulho por detrás das já conhecidas entradas da Igreja de Nossa Senhora das Graças. Da Igreja ninguém se lembrava naquela época, somente os já devotos que todos os dias passavam em sua fronte, faziam o sinal da cruz em respeito à santa tão querida e amada, padroeira daquela cidade que de dia fervilhava de comerciantes, pessoas indo e vindo a todo o momento; e a noite se desertava, como se nenhuma alma existisse por aqueles arredores.
Na noite se esconde o perigo de tudo, embora muitos possam me desmentir e dizer o contrário, que na noite as coisas são belas, os casais se amam nas praças, as famílias se reúnem ao redor da mesa para o jantar, os jovens vão às ruas para levar aos outros o pouco da noção de liberdade. Mas naquela noite, noite em que a Lua se escondia por trás de nuvens de tempestades, não havia lugar para coisas belas, para casais apaixonados, para famílias que jantam na mesa, para jovens com ideais.
Pois quando a Lua não aparecia, e em seu lugar vinham as nuvens tenebrosas de uma tempestade, as coisas mudavam. E o que estava prestes a acontecer àquela noite é um exemplo claro e nítido de que nem todas as noites são feitas para o amor.
Deixando a igreja um pouco de lado, indo para mais adiante, na virada de uma rua chamada Paraná, vinha andando com passos tranqüilos, um ser desconhecido para as noites de Mesquita. Seu andar lembrava o modo como as cobras rastejavam pelo chão, sempre com a barriga a raspar pelas matas.
Andava despretensiosamente, como se naquela noite sem Lua, nada lhe pudesse acontecer, mesmo estando em lugar perigoso de Mesquita, perto das estradas, onde se encontravam os maconheiros da madrugada. Mas não se preocupava com eles. Estes já tinham destino traçado, vida curta e sem volta.
Deixou-se andar por mais alguns metros até parar em uma encruzilhada e notar que ali havia um despacho, dos mais fartos, com direito a cachaça cara do santo, alguidares recheados da comida da entidade, charutos espalhados pelos cantos. Heresia!, pensou consigo mesmo.
Continuou a andar, lembrando-se que tinha que chegar a casa da Padroeira de Mesquita e lá prestar suas “homenagens” a santa tão querida e amada por todos.
Tanto pensou que logo notou que já estava parado na frente do portão principal. Notou que estava trancado, mas não precisava de chaves, porque o portão nunca estava trancado, pois era invenção do Padre, seu Mariano, deixar o cadeado apenas como ornamento. Mas falaremos mais tarde sobre Padre Mariano e todos os seus defeitos.
Mas aquele Ser Que Andava Como Uma Cobra (vamos chamá-lo assim, uma vez que seu nome não será revelado ainda no inicio deste livro, é coisa somente para depois) sabia como Padre Mariano tratava a Igreja da Padroeira de Mesquita, com zelo e certo relaxamento.
Entrou, olhou queixosamente para a escadaria que teria que subir antes de chegar realmente a igreja, e soltou um xingamento:
- Puta que pariu!
Mas falou bem baixo, como se aquelas palavras pudessem corromper a sua já corrompida integridade.
Com esforço subiu correndo as escadas, chegando ao topo de tudo fatigado, ensopado de um suor frio, que mais se devia ao nervosismo do que a exaustiva subida.
Entrou na igreja, que sempre tinha suas portas abertas, e foi em direção aquilo que viera buscar. Viera de longe, de Portugal, coisa valiosa, rara, que passava de igreja em igreja que era construída para Nossa Senhora das Graças, que também é Oxum, rainha dos rios e das cachoeiras.
E bem em riba de um altar, estava ela, toda trabalhada em marfim vindo das presas de elefantes africanos brutalmente assassinados. O manto que lhe cobria a cabeça era costurado com fios de ouro, debaixo de seus pés, pisoteada pelos dedos de marfim, estava uma serpente toda em prata, com pedras vermelhas cravadas no lugar dos olhos.
Era isso que o Ser Que Andava Como Uma Cobra viera buscar, a santa que viera de Portugal e que era feita de marfim dos elefantes e de fios de ouro.
Iria roubá-la para si, vende-la no mercado, ganharia dinheiro e voltaria para sua terra, onde não havia pobres, miseráveis, vagabundos e maconheiros.
Nada protegia a pobre Santa naquele momento. Oh! Pobre santa que se esvai nas mãos de um ladrão barato, cujo andar era semelhante ao rastejar das cobras. Pobre santinha feita de material rico, vai embora para nunca mais voltar, habitará outro lugar e com o tempo se destruirá, não!, morrerá de desgosto, pois em Mesquita as santas também sentem dor, choram quando as roubam, e morrem quando não vêem mais gosto na vida.
O Ser Que Andava Como Uma Cobra a levou para longe, naquela noite que não foi feita para o amor.
Naquela noite mais uma santa chorou.




Atenção: É estritamente proibido a reprodução total ou parcial desta obra. A violação dos direitos autorais é punível como crime. Todos os direitos reservados à Editora Multifoco Ltda, Av. Mem de Sá 126 – Lapa - Rio de Janeiro - RJ