
Faltando apenas alguns meses para o lançamento do livro O Roubo da Santa, o escritor Rodrigo Queiroz amarga as notícias que recebeu de seu editor.
Na semana passada, terça-feira, o escritor recebeu um e-mail de seu editor Frodo Oliveira, em que dizia que devido a sobrecarga de produção para a Bienal deste ano, o lançamento de O Roubo da Santa teve que ser adiado.
-Ainda não sei quando o livro será lançado e isso acabou fazendo com que eu interrompesse o processo de divulgação - disse o escritor por e-mail ao Jornal Multifoco.
Porém, a notícia em nada afetou sua ansiedade. Aguardando pacientemente o lançamento do livro, o escritor se isola em sua casa na simpática cidade de Mesquita, aproveitando as férias e pronto para concluir um novo trabalho.
-Não posso revelar nada por enquanto, só que esse novo livro só chegará nas mãos dos leitores a partir do ano que vem - comentou.
Em seu escritório, que exala um cheiro de ervas queimadas (ele havia acabado de defumar a casa), dou inicio a entrevista.
Diogo: Quando começou a escrever o livro?
Rodrigo: Quando passei a amar quem eu era e como eu passei a ser. Escrever O Roubo da Santa me ajudou a ser uma pessoa diferente.
Diodo: Em como escrever o livro lhe ajudou?
Rodrigo:Simples. Quando estamos percorrendo o caminho para realizar nossos sonhos, nós precisamos aprender com o que encontramos na estrada. No meu caso, escrever sobre as histórias que ouvia, sobre as pessoas que via e o que sentia em relação ao lugar onde vivo, me ajudou a entender que não estamos sozinhos, que existem outras pessoas, que existe vida.
Diogo: Então, segundo você, as pessoas só mudam quando realizam seus sonhos?
Rodrigo: Não quando realizam seus sonhos, porque aí elas já entenderam. Mas enquanto elas percorrem o caminho que as conduzirá aos seus sonhos. No caminho encontramos as alegrias, as dores, mas no final sempre encontramos a mesma coisa: a sensação de que cumprimos o nosso objetivo.
Diogo: A forma como escreve é simples, até comum, alguns até consideram desleixada. Como reage a isso?
Rodrigo: Um escritor não precisa ser complicado para ser profundo. A linguagem complicada impede que os leitores entendam o que está escrito, e sempre quando acabam de ler saem com a sensação de que foram enganadas, que o livro era uma grande mentira. No meu caso, escrever de forma que as pessoas pudessem "me" entender era o essencial.
Diogo: Como você é no dia a dia?
Rodrigo: Faço coisas comuns para alguém da minha idade: vou ao colégio pela manha, à tarde faço curso de administração e à noite é o momento de ficar com a familia e descansar, para no dia seguinte fazer tudo de novo. Mas veja bem, não é uma rotina, graças a Deus todos os meus dias são diferentes.
Diogo: Tem namorada?
Rodrigo: Não o sei se morar junto com a pessoa que ama pode ser namorar. Acho que a resposta para sua pergunta seria que estou "casado".
Diogo: Não se sente preso, limitado a fazer apenas algumas coisas?
Rodrigo: Aprendi a dividir as experiências da minha vida. Tudo, ou quase tudo, o que passo é junto da Alessandra.
Diogo: Existe algum personagem do livro que tenha sido inspirado em sua "esposa"?
Rodrigo: Na verdade não. Na minha outra entrevista e em algum outro post do meu blog eu falei sobre os personagens do livro, e quais eram baseados em pessoas reais. Alessandra existe somente para a realidade, não para ficção.
Diogo: O que deseja para seu futuro como escritor?
Rodrigo: Aquilo que qualquer escritor deseja: ser reconhecido. Já é uma benção para mim ser entrevistado pela segunda vez, outros escritores que iniciaram sua carreira agora ainda não tiveram essa oportunidade que estou tendo. Sou grato ao que vem acontecendo comigo até agora. Mas é claro que quero ser traduzido para outras línguas e conquistar o mundo.
Diogo: Quanto tempo acha que isso vai demorar?
Rodrigo: Vai depender de como vou conduzir meus passos, pois não sou eu que anda o Caminho, é o Caminho que me anda. Pode demorar dois ou cinco anos, mas vai chegar o dia em que vou chegar lá.
Diogo: Gosta de viajar?
Rodrigo: Gosto, e muito.
Diogo: Quais são os lugares que gostaria de conhecer?
Rodrigo:No Brasil gostaria de conhecer Salvador, as Dunas do Maranhão, a Floresta Amazônica e a Chapada das Diamantinas, são lugares de uma beleza extraordinária. Agora, fora do Brasil eu gostaria de conhecer o mundo inteiro. E não é sonho de adolescente, não. Eu quero conhecer todos os lugares do mundo, levar meu trabalho para lá e fazer sucesso.
Diodo: Quando se realizará profissionalmente?
Rodrigo: Quando, em qualquer lugar do mundo, alguém disser para mim: "Seus livros mudaram minha vida". Quando isso acontecer terei certeza de que estou no caminho certo.
Nesse momento dou minha entrevista por encerrada. Ao olhar aquele jovem e entusiasmado escritor, eu quase que poderia fazer uma profecia: na minha frente estava alguém que um dia teria um reconhecimento tao grande quanto de Paulo Coelho, Jorge Amado ou José Saramago (que são seus escritores favoritos). Via na minha frente um jovem que, com a força do entusiasmo, conquistaria, verdadeiramente, o Mundo.