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sábado, 22 de maio de 2010

O escritor Rodrigo Queiróz fala sobre o livro O Roubo da Santa.

Reporter: O que é O Roubo da Santa?

RQ: O livro é uma declaração de amor à minha cidade e à minha gente. Embora eu morasse em Mesquita por 16 anos, foi só enquanto eu escrevia O Roubo da Santa que eu conheci Mesquita em toda sua totalidade.

Reporter: Como surgiu a idéia de escrever sobre um roubo?

RQ: Surgiu enquanto eu fazia minha própria peregrinação por minha cidade. Trabalhava como entregador e via as pessoas passando pelas ruas, contando suas histórias, sérias ou corriqueiras. Via os lugares, e dentro de minha cabeça a história começou a se formar. O que veio depois foram apenas os temperos para ilustrar o livro.

Reporter: Com 16 anos, voce se considera novo demais para começar uma carreira como romancista? Por que não escolheu outras carreiras como medicina, engenheiro...?

RQ: Quando temos um sonho fazemos o possível e o impossível para que ele possa se realizar. Ser escritor era meu caminho nessa vida, era aquilo que eu deveria fazer para ser feliz, embora essa idéia de felicidade seja falsa. O que veio antes foi um período de aprendizado onde tive que ler e ler muito. Ser escritor era meu sonho, e a cada dia eu transformo esse sonho em realidade. Agora, quanto a escolher outras profissões eu até poderia pensar no assunto, mas mesmo sendo médico, engenheiro ou advogado eu ainda assim seria escritor.E não me considero novo demais, existem pessoas que começam a escrever com 70 ou 90 anos; por que eu não poderia escrever com 16?

Reporter: Acha que há espaço para jovens escritores no Brasil?

RQ: É claro que sim. Hoje em dia, tanto no Brasil quanto em qualquer outro lugar do mundo, o espaço para que os jovens possam se expressar cresce a cada dia. Quanto a literatura não há muitos jovens, porque muitos estão interessados em música e em resolver problemas de relacionamentos e esquecem que existem as palavras, os sentimentos transformados em letras.

Reporter: E quanto aos personagens que compõem a narrativa do livro? Como foi criá-los?

RQ: Não foi difícil, pois a maioria dos personagens do livro são pessoas reais ou baseadas em pessoas reais, como é o caso de Dona Etelvina, mãe de santo conhecida em Mesquita, ou Padre Mariano (nome trocado), padre competente que faz das missas de domingo algo mais enriquecedor.

Reporter: Falando em missas, é verdade que não gosta de ir à igreja?

RQ: É verdade. Quando era criança eu ia à igreja porque era obrigado, conseqüentemente eu detestava. Depois de certo tempo, conforme fui adquirindo conhecimento sobre a história da igreja, aprendi que as coisas que eram ditas dentro dessas instituições são uma grande mentira inventada pelos homens. As igrejas se transformaram nas casas dos homens e não na casa de Deus.

Reporter: Então não acredita em Deus?

RQ: Muito pelo contrário. Acredito que exista um Deus, e que esse deus foi mascarado pelos homens. Acredito também na existência de outras forças espirituais tais como os orixás, os deuses egípcios, romanos, gregos, hindus, e uma infinidade de outros deuses, pois todos esses são uma manifestação de um só Deus.

Reporter: No livro voce coloca representantes de religiões diferentes em confronto.Como então fazer o leitor entender que precisamos de tolerância?

RQ: Uma correção. No livro eu não os coloco em confronto, pelo contrário. Eu os uno, para que juntos possam resgatar a santa. É justamente nas horas de aperto que as pessoas costumam se unir.

Reporter: É espírita?

RQ: Talvez voce tenha feito essa pergunta por eu ter usado como pano de fundo o culto aos orixás. Mas na verdade não tenho religião. Acredito na idéia de que Deus está em qualquer lugar, e não necessariamente numa igreja como tem sido imposto durante várias gerações.

Reporter: Em quanto tempo escreveu O Roubo da Santa?

RQ: Escrevi o livro em duas semanas. Queria escrever em menos, mas tive alguns imprevistos.

Reporter: Já tem idéias para um próximo livro?

RQ: No momento prefiro aproveitar cada momento bom que O Roubo da Santa poderá me dar. Mas não escondo que já comecei a fazer alguns rascunhos para um próximo romance.

Reporter: Pode adiantar alguma coisa?

RQ: Só que o livro falará sobre assuntos um pouco incômodos.

Reporter: Para finalizar, o que diria para os jovens que querem seguir seus sonhos.

RQ: Que nunca desistam. Para realizar seus sonhos precisamos de duas coisas: primeiro, precisamos de coragem, porque não podemos ter medo de errar; e segundo precisamos de perseverança, porque não podemos desistir.

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